Catástrofe Climática, Imperialismo e a Grande Fome do século XIX ou Tranquem a Inglaterra na cadeia ou num asilo de loucos!

Catástrofe Climática, Imperialismo e a Grande Fome do século XIX
por DAVIS, Mike. Holocaustos Coloniais. Clima, Fome e Imperialismo na Formação do Terceiro Mundo. Rio de Janeiro: Record, 2002
"Só quero reiterar que aquilo em que creio deveria ser mui óbvio, mas de alguma forma não o é, pelo menos para bilhões de pessoas em todo o mundo: “Aqueles caras britânicos que dirigem a mídia-empresa e as redes de propaganda global não merecem nenhuma confiança. Durante séculos, nenhum outro país trouxe tanto sofrimento ao planeta, destruiu tantas vidas, arruinou tantas nações e culturas, roubou tantos recursos naturais dos ‘nativos’ quanto o Reino Unido.” Tudo isso foi feito na cara de pau, tudo explicado e justificado pelo mais avançado aparelho de propaganda do planeta, tudo ‘moralmente defendido’. Todo o emaranhado conceito de ‘justiça’ à britânica foi primeiramente introduzido domesticamente e depois exportado para diversos cantos do globo."
"O novo modelo econômico mundial implementado à força em regiões agrícolas da Ásia foi, portanto, um dos maiores responsáveis diretos pela Grande Fome que dizimou milhões de pessoas no final do século XIX, numa época de secas jamais vistas. Essas pessoas não estavam de fora do sistema; elas estavam dentro, fazendo parte das engrenagens do capital, sendo vítimas dele. Na Era de Ouro do capitalismo liberal, a humanidade enfrentou uma de suas piores provações de todos os tempos. Como se pode explicar essa contradição, senão pelo fato de que a miséria e a fome são justamente partes intrínsecas do próprio sistema sem as quais uma pequena minoria não poderia se rejubilar de todo o conforto e riqueza que o dinheiro é capaz de proporcionar? "

Essa é uma história pouco contada pelos historiadores. A história de três catástrofes humanitárias causadas pela seca na Ásia e em outras partes do mundo na segunda metade do século XIX, que poderiam ter sido evitadas. Poderiam, se, para a infelicidade dos pobres camponeses das regiões afetadas, esta também não fosse a era do Imperialismo Europeu. Em nome do liberalismo econômico e da economia de mercado, produziu-se um verdadeiro holocausto humano de 40 milhões de vítimas da Fome, enquanto a Europa prosperava em abundância.

Embora o fenômeno do El Niño (e da La Niña) só tenha sido melhor compreendido no final da década de 1960, as instabilidades de temperatura do Oceano Pacífico já afetavam as condições climáticas desde sempre no mundo, afligindo a vida do Homem, especialmente o do camponês que depende da terra e das chuvas para plantar e colher. Durantes as épocas de prolongada seca, certas comunidades aprenderam a amenizar o sofrimento com um sistema econômico que previa o armazenamento e a distribuição dos grãos para os mais atingidos durante os períodos críticos. A segunda metade do século XIX iria, no entanto, assistir à deterioração desse sistema.

O Imperialismo Europeu e as maiores secas de que se têm notícia na história da humanidade iriam operar em conjunto no final do século XIX, desestruturando o sistema camponês definitivamente, para a consolidação à força do sistema liberal de economia de mercado. Como bem destacou Rosa Luxemburgo numa análise de 1913:
Cada nova expansão colonial é acompanhada, como de praxe, por uma inexorável luta do capital contra as ligações sociais e econômicas dos nativos, que também são forçosamente espoliados dos seus meios-de-produção e força de mão-de-obra. […] A acumulação [de capital dos países produtores capitalistas], com sua expansão espasmódica, não pode mais esperar nem se satisfazer com uma desintegração interna natural das formações não-capitalistas e sua transição para a economia de mercado […] A força é a única solução disponível para o capital; a acumulação de capital, vista como um processo histórico, emprega a força como uma arma permanente…
Lord Lytton, Vice-Rei da Índia. Luxo em meio à miséria

E foi assim que o capital se desenvolveu de mãos dadas com o Imperialismo, através da força ou da ameaça da força. Sob os auspícios de dirigentes ingleses ou pessoas locais ligadas a eles, a Ásia foi conectada numa posição subalterna ao jogo da economia mundial. Especialmente na Índia britânica, mas também na China, no norte da África e em outras regiões do Império Britânico, a Fome causada pelas grandes crises climáticas de 1876-79, 1889-91 e 1896-1902, que prejudicaram a colheita dessas regiões durante décadas, dizimou por volta de 40 a 50 milhões de pessoas em poucos anos. Mas esse holocausto humano poderia ao menos ter sido infinitamente amenizado.

Tragédia humana causada pela Fome em Madras, Índia

Os grãos que foram colhidos em regiões menos atingidas da Índia, por exemplo, poderiam abastecer as cidades onde a calamidade era urgente. No entanto, milhões tombaram de fome ao lado das grandes ferrovias britânicas, que conduziam trens abarrotados de grãos para os portos sob os olhares do povo faminto, e de lá para o mercado de Londres. Como afirmou um dos poucos historiadores a tratar com profundidade do tema, Karl Polanyi em 1944:
A quebra das safras, claro, fazia parte do quadro, mas o transporte de grãos por ferrovias possibilitaria o envio de socorro às áreas ameaçadas; o problema era que as pessoas não tinham meios de comprar o milho a preços em vertiginosa ascensão, o que em um mercado livre mas mal organizado tinha de ser uma reação à escassez. Em tempos anteriores, os pequenos depósitos locais haviam-se protegido contra colheitas insuficientes, mas agora se achavam fechados ou absorvidos pelo grande mercado.
Os impostos imperiais, as exportações de grãos e os abusos exorbitantes da nova lógica econômica smithiana (escassez = aumento de preços) agravaram a situação dos camponeses. Muitos venderam suas pequenas propriedades, a roupa do corpo e até os filhos em troca de um punhado de grãos. O cenário era de horror, com corpos esquálidos e famintos rastejando em meio a mortos no meio das ruas. O “socorro” dos imperialistas muitas vezes só agravava a situação. Dezenas de milhares morreram nos campos de trabalho ingleses depois de caminhar dias em busca de trabalho e uma ração alimentar insuficiente. É claro que os imperialistas europeus, bem como os japoneses e americanos tiraram proveito da situação. Cada região afetada pela Fome era mais uma colônia em potencial, onde terras comunais eram desapropriadas e mão-de-obra para as minas eram selecionadas.

O novo modelo econômico mundial implementado à força em regiões agrícolas da Ásia foi, portanto, um dos maiores responsáveis diretos pela Grande Fome que dizimou milhões de pessoas no final do século XIX, numa época de secas jamais vistas. Essas pessoas não estavam de fora do sistema; elas estavam dentro, fazendo parte das engrenagens do capital, sendo vítimas dele. Na Era de Ouro do capitalismo liberal, a humanidade enfrentou uma de suas piores provações de todos os tempos. Como se pode explicar essa contradição, senão pelo fato de que a miséria e a fome são justamente partes intrínsecas do próprio sistema sem as quais uma pequena minoria não poderia se rejubilar de todo o conforto e riqueza que o dinheiro é capaz de proporcionar? 







Tranquem a Inglaterra na cadeia ou num asilo de loucos! 
Por Andre Vltchek, Counterpunch



Olha a coisa aí de novo! A mesma velha, cansativa e previsível melodia, o mesmo tão conhecido coral. Uma vez mais, dizem ao mundo o que pensar e no que acreditar. Dão também ao mundo ritmo e refrão, para que a grotesca e inescrupulosa dança possa começar.

Quem poderia realmente resistir? A letra da música é recitada num inglês perfeito, e com aquele ar de superioridade moral e cultural, que supostamente dissipa quaisquer dúvidas.

No dia 19 de fevereiro de 2017, Russia Today publicou o seguinte:

“O jornal The Telegraph, como bom porta-voz do serviço de desinformação da inteligência britânica, faz parte da operação de guerra psicológica contra a Rússia, afirmou o jornalista independente Martin Summers. Outra acusação está sendo lançada contra a Rússia: um jornal britânico publicou um relato acusando Moscou de estar por trás de um complô para assassinar o primeiro-ministro de Montenegro em outubro passado... Segundo o artigo, a Rússia queria derrubar o governo daquele país para impedi-lo se juntar-se à OTAN.”

Quer dizer, agora é Montenegro. Ontem foi a Crimeia, Donbas e as eleições nos Estados Unidos. De novo a malvada Rússia! E a malvada China, os malvados países socialistas latino-americanos, os malvados Síria, Eritreia, Zimbabwe, África do Sul, Coreia do Norte, Filipinas, malvados todos os que desdenham a noção de superioridade anglo-saxônica.

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Dessa vez, não busco escrever nenhum longo ensaio filosófico sobre o tema da “sem-vergonhice da propaganda britânica”. Estou só fazendo uma pausa no escrito que venho parindo há 10 anos para a Academia de Ciências Sociais da China; um documento em que analiso o impacto da Revolução Soviética de 1917 no mundo.

Só quero reiterar que aquilo em que creio deveria ser mui óbvio, mas de alguma forma não o é, pelo menos para bilhões de pessoas em todo o mundo: “Aqueles caras britânicos que dirigem a mídia-empresa e as redes de propaganda global não merecem nenhuma confiança. Durante séculos, nenhum outro país trouxe tanto sofrimento ao planeta, destruiu tantas vidas, arruinou tantas nações e culturas, roubou tantos recursos naturais dos ‘nativos’ quanto o Reino Unido.” Tudo isso foi feito na cara de pau, tudo explicado e justificado pelo mais avançado aparelho de propaganda do planeta, tudo ‘moralmente defendido’. Todo o emaranhado conceito de ‘justiça’ à britânica foi primeiramente introduzido domesticamente e depois exportado para diversos cantos do globo.

Isso se desenrolou por muitos longos séculos e continua ainda: os estupradores estão implementando códigos morais mundialmente aceitos. Assassinos em massa estão dirigindo Cortes Internacionais de Justiça. Notórios mentirosos e ladrões estão ensinando ‘objetividade’ ao mundo. Gurus da desinformação estão até mesmo ‘educando’ nossas crianças, bem como as crianças das elites de todas as partes do mundo, em suas ‘prestigiosas’ fábricas de doutrinação – escolas e universidades.

Claro, alguns países vêm tentando duramente ultrapassar o Reino Unido em matéria de brutalidade, cobiça e táticas de ludíbrio. Vale a pena mencionar tais candidatos à liderança mundial em genocídio como França, Alemanha, Espanha e nos últimos tempos os Estados Unidos. Estes países têm de fato participado dessa competição com determinação e zelo, mas apesar de seus esforços, eles nunca conseguiram de fato chegar aos pés do pioneiro.

Por favor, pense um pouco nisso, se já não o fez durante anos. Depois, lave profundamente os olhos, e depois olhe novamente essas ‘publicações sérias’ e esses tabloides que são impressos no Reino Unido. Olhe a doutrinação dos canais de televisão. Se você ainda for capaz de preservar pelo menos algum distanciamento e algum senso comum, por favor, compare o que eles estão dizendo, escrevendo e mostrando com a realidade além de sua janela, onde quer que você esteja nesse planeta.

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Durante muitos anos, trabalhei por todo o mundo, em todos os continentes, em cerca de 160 países. Durante muitos anos, relataram-me histórias, mostraram-me evidências sobre os mais monstruosos e bárbaros crimes que os Britânicos vêm cometendo em quase todas as partes deste planeta.

Para compilar alguma lista incompleta destes, seria preciso elaborar pelo menos uma considerável brochura, senão um livro inteiro. Mencionemos apenas uns poucos dentre os óbvios horrores dos quais a Grã-Bretanha é responsável: comércio escravista e destruição de zonas inteiras da África, com dezenas de milhões de pessoas mortas direta ou indiretamente; monstruosa ocupação do ‘subcontinente’, ao custo de dezenas de milhões de vidas, incluindo aquelas vítimas de várias calamidades de fome artificialmente provocadas.

Saqueio de grande parte da China, matando e participando da destruição da mais populosa nação da terra. Ataques brutais contra o jovem Estado Soviético. Hórrido tratamento de povos colonizados de nações-ilha, da Oceania (Pacífico Sul) até o Caribe. Gaseificação, bombardeio, extermínio literal de povos do Oriente Médio, do que é hoje o Iraque e o Kuwait até a Palestina. Houve as invasões do Afeganistão e o ‘reino do terror em Cabul’ em 1879. Houve muitas coisas mais, crimes horripilantes, é claro, mas aqui eu estou sendo sucinto...

No “Novo Mundo”, países como os Estados Unidos, o Canadá e a Austrália, os mais terríveis massacres de povos nativos foram cometidos pela primeira e pela segunda geração de europeus, principalmente britânicos.

Na verdade, a Grã-Bretanha nunca cessou de cometer crimes contra a humanidade.

Desde a Segunda Grande Guerra, eles orientaram os Estados Unidos, estrategicamente e ideologicamente, na arte de como dirigir o Império e como manufaturar a unanimidade dentro do próprio Ocidente, e até entre as populações das nações colonizadas (no contexto neocolonial).

A Grã-Bretanha também esteve envolvida nos mais vis atos da história moderna, relacionados a países como Egito, Irã, Iraque, Afeganistão, Congo, bem como áreas inteiras do Pacífico Asiático e dos Grandes Lagos Africanos.

Volto a repetir, isso é apenas um resumo breve e incompleto.

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Tendo experiência na ocupação de vastas partes do mundo durante séculos, sabendo em primeira mão como ‘pacificar’ os nativos, os britânicos gradualmente desenvolveram e em seguida passaram para o resto do Ocidente seus altamente eficazes e exitosos métodos de doutrinação.

Estes foram finalmente generalizados – principalmente entre as elites das nações colonizadas. Como resultado, percepções globais plenamente padronizadas evoluíram e foram implementadas e sustentadas até o presente momento. Estas incluem uma visão geral do mundo, ‘princípios’ e ‘moral padrão’, lei e justiça (incluindo conceitos tais como ‘direitos humanos’) e até o conjunto de valores gerais.

A língua inglesa (especialmente bem articulada; falada com certos sotaques reconhecíveis e ‘aceitáveis’) se tornou a principal ferramenta linguística a incorporar a verdade e a autoridade.

Notícias apresentadas com certa ‘objetividade’ e com certo sotaque (ou certos sotaques aceitáveis) se tornam subconscientemente, para a grande maioria das pessoas, muito mais dignas de confiança que aquelas difundidas por indivíduos que o jornalista, filósofo e antropólogo polonês Ryszard Kapuscinski costuma definir como sendo ‘os outros’.

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Este sistema ‘perfeito’, aparentemente à prova de balas, produz preguiça intelectual, subserviência e até servidão. É isso o que vem sustentando o status quo.

As mentiras se acumulam aos montes, e até as mais óbvias fabulações terminam por não serem desafiadas, exceto por alguns canais marginais e ‘extremistas’, segundo a definição dos regimes ocidentais.

O império colonialista conseguiu sobreviver. E está agora a toda carga. Ele domina a psique tanto dos colonizadores quanto dos colonizados. Os progressos feitos pelos esforços de liberação e independência, pelas lutas anticolonialistas no pós-guerra, têm sido habilidosamente anulados. E depois, foi oficialmente declarado que “o colonialismo acabou”.

Até certo ponto, os demagogos anglo-saxões inventaram o ‘politicamente correto’, mais uma ferramenta altamente eficaz para neutralizar e ‘pacificar’ qualquer resistência séria. O ‘politicamente correto’ afirma que todas as nações e raças são iguais; isso está glorificando aqueles ‘pequenos povos’ e quase todas as ‘culturas das nações subdesenvolvidas’, pelo menos verbalmente, quando na realidade o Império continua espoliando e manipulando o planeta, como vem fazendo desde há eras. Nas colônias, os únicos indivíduos que saem ganhando são das elites; aqueles dirigentes moralmente corruptos do carente e escravizado mundo.

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Como no passado, o regime escolhe pragmaticamente seus inimigos, e depois aplica as táticas mais maldosamente comprovadas, lançando campanhas de difamação, desumanizando cidadãos e líderes dos estados adversários, criando amiúde teorias conspiratórias fantasmagóricas, mas altamente eficazes.

A mídia britânica, os propagandistas britânicos, na verdade, toda a ordem política, social, econômica e cultural do Reino Unido tem logrado a mais absoluta perfeição no campo do controle mental e da lavagem de cérebro.

Em outras palavras, se não fosse assim, como alguém em sã consciência poderia confiar nas palavras daqueles que são responsáveis por dezenas de milhões, talvez até centenas de milhões de perdas de vidas humanas nos quatro cantos do mundo?

Como poderiam os primeiríssimos arquitetos de nossa insana organização global serem levados a sério se não fosse pela exitosa e plena doutrinação de seus ‘súditos’?

Alguns sugeririam que estamos vivendo num mundo em que a ‘normalidade’ só pode ser encontrada num asilo de loucos; em que o único lugar para uma pessoa decente seria atrás de alguma barricada ou atrás das grades.

Seja como for, poucos são os que têm tais pensamentos, pois mesmo as reflexões estão agora quase completamente padronizadas e controladas. A tão glorificada liberdade tem sido reduzida a um punhado de escolhas pessoais egoístas, deveras limitadas, que uma pessoa ainda está autorizada a fazer, desde que se mantenha bloqueada, em termos gerais, dentro do sistema existente. 

Esta obsessão britânica, europeia, na verdade ocidental, de controlar tudo no mundo descarrilhou a evolução humana. Ao invés das mais altas aspirações, ao invés das tentativas otimistas de construir uma sociedade igualitária, compassiva e jubilosa, nossa humanidade está outra vez mais encalhada num atoleiro amo-escravo, em algo do qual parecíamos estar saindo, mesmo durante certos períodos do século XIX e, definitivamente, mais tarde, no século XX.

***

Como combater este pesadelo? Escrevi isso muitas vezes antes e tenho de repeti-lo de novo: para mudar as coisas, é preciso primeiramente entender a realidade. Mas não se trata apenas de conhecer os fatos; trata-se, sobretudo, de como analisá-los, de como perceber o mundo e os eventos essenciais.

Estamos sendo bombardeados, na verdade, inundados com informações, dados e ‘fatos’. O que está faltando é uma abordagem totalmente nova para selecionar e analisar a realidade na qual vivemos.

O Império não está retendo os fatos. Está fazendo algo muito mais sinistro: está privando as pessoas da aprendizagem de como analisá-los da forma mais lógica.

Comecemos por princípios absolutamente fundamentais: “Assassinos em massa não podem ser juízes”. “Doutrinadores e lavadores de cérebro não podem ser professores”, “Aqueles que estão agrilhoando, escravizando bilhões, não deveriam ser autorizados a pregar sobre a liberdade”.

A realidade é a seguinte: temos um punhado de nações e culturas perturbadas, mentalmente desequilibradas, que têm subjugado, estuprado e roubado nações e continentes inteiros, e que ainda estão comandando nosso belo e já terrivelmente aterrorizado planeta.

Estas nações moralmente defuntas não têm nenhuma compaixão e nem tampouco nenhuma racionalidade. Isto é um fato do qual elas mesmas têm dado reiteradas provas. Um milhão de vítimas, dezenas de milhões de vítimas – isso não significa nada para elas, pois o que conta é que elas continuem a comandar. A natureza arruinada, o desaparecimento de ilhas, o ar envenenado, nada disso conta para elas. Os humanos se tornaram gado doutrinado, intelectual e emocionalmente uniformizado; ótimo, quem está ligando para isso?

Esta é uma realidade extremamente inquietante, mas esta é a realidade. Quanto mais cedo a reconhecermos pelo que ela é, melhor será.

A grande Grã-Bretanha deveria ficar sentadinha e chorar horrorizada, relembrando todos os crimes que ela tem cometido, imaginando os campos de concentração que ela edificou na África e em outros lugares, rememorando todas as pessoas inocentes que ela assassinou em cada um dos continentes. Ela deveria urrar de vergonha, por causa do niilismo que ela tem espalhado, arruinando o entusiasmo, os lindos sonhos e as esperanças de nossa humanidade.

A Grã-Bretanha deveria parar e chorar horrorizada, imaginando as instruções que ela forneceu a países como África do Sul, Estados Unidos ou Ruanda – instruções que acarretaram terríveis banhos de sangue, ao invés de harmonia e evolução para nosso mundo.

Por que todo esse terror? Só para que o Reino Unido e sua corte continuassem a comandar! Não se trata apenas de cobiça, de recursos naturais, mas de controle.

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Não quero suas análises, não mais. Não quero suas notícias, seus filmes, seus livros ou seus materiais de propaganda. Mesmo na escura solidão de um porão, uma pessoa pode entender o mundo muito melhor que lendo suas folhas de desinformação ou olhando seus canais de doutrinação.

Tudo isso é concebido para confundir as pessoas, para torná-las passivas e submissas. Seus locutores, bem como seus escritores são algo como tristes robôs lobotomizados; não há vida, nada de novo, nada audaz ou revolucionário em suas palavras. Eles funcionam, de certo modo: eles se movem, comem, defecam, repetem o que se espera que eles digam, mas eles não estão vivos.

Eles só difamam, mas não inspiram. Quando há algum otimismo, é sempre falso, pré-aprovado e produzido em massa.

Se você refletir sobre isso, tudo passará a fazer sentido: um torturador não pode ser um visionário ou um idealista.

Comparado com a China ou com o Irã, o Reino Unido é uma cultura relativamente jovem. Mas ela se sente velha, cansada, gasta e obsoleta. Demasiados crimes e demasiadas mentiras podem exaurir e deprimir até mesmo uma pessoa jovem.

Se a Inglaterra fosse uma pessoa, agindo numa sociedade normal, ela deveria estar ou numa prisão ou numa instituição para doentes mentais. O mesmo pode ser dito para o resto do Ocidente.

Não temos nada a aprender destes maníacos assassinos. Não é mesmo? A única preocupação deve ser: como por uma camisa de força em tais indivíduos, como impedi-los de matar e ferir os demais, e como fazer isso o mais depressa possível.

Eu também questiono muitíssimo o fato de que, com tais monstruosas folhas corridas, nossos monstruosos maníacos sejam autorizados a interpretar publicamente o mundo, a ensinar pessoas e até a participar de discussões concernentes às principais questões que enfrenta nosso planeta!

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Traduzido por E. Silva 


Andre Vltchek é um filósofo, romancista, cineasta e jornalista investigativo. Ele tem coberto guerras e conflitos em dezenas de países. Três de seus últimos livros são o romance revolucionário “Aurora” e dois trabalhos de sucesso de política não ficcional: “Exposing Lies Of The Empire” e “Fighting Against Western Imperialism” (Expondo as Mentiras do Império e Lutando contra o Imperialismo Ocidental).Veja seus outros livros aqui. Andre está fazendo filmes para TeleSur e Al-Mayadeen, Veja Rwanda Gamit, seus documentário de campo sobre Ruanda e República Democrática do Congo. Depois de ter vivido na América Latina, na África e na Oceania, Vltchek reside atualmente no Leste Asiático e no Oriente Médio, e continua trabalhando pelo mundo. Ele pode ser contactado através de seu uebissaite e de seu tuíter.



Fonte em português : Blog do Alok



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