Horror no Iraque : A barbárie Americana

Consequência das armas de destruição massiva
Horror no Iraque
 
 
 
"As armas de destruição massiva usadas pelos EUA no Iraque durante a guerra de invasão e ocupação provocam consequências devastadoras entre a população civil e pesam com horror sobre as novas gerações."

De acordo com informações apuradas pela rede IraqSolidaridad, disponíveis no rebelion.org, algumas dessas consequências são tangíveis na martirizada cidade de Fallujah, nomeadamente as respeitantes ao aumento dos casos de crianças que nascem com malformações congénitas atribuíveis à exposição da população local a bombas termobáricas, a fósforo branco ou a projécteis contendo urânio empobrecido (cujos efeitos se prolongam, em média, por 4,5 milhões de anos).
 
 
Apesar de ser muito difícil contabilizar com rigor o número total de afectados – já que «as famílias enterram os recém-nascidos [com malformações] em segredo logo que estes morrem», explicou o doutor Nadim al-Hadidi –, os casos observados em Fallujah são o exemplo acabado de um cenário de horror.
 
«Só em Janeiro registámos 672 casos» de crianças que nascem sem massa encefálica completamente formada ou deformada, sem olhos ou com os intestinos fora da cavidade abdominal, exemplificou o clínico e responsável do centro de imprensa do hospital local.
 
 
No mesmo sentido, o doutor Abdulkadir Alrawi, igualmente médico no hospital de Fallujah, lembra mais um caso recente de uma menina que nasceu com síndroma de Dandy Walker, doença geralmente rara mas dramaticamente frequente em Fallujah, para a qual, acresce, a cidade não tem estruturas capacitadas.
 
 

Dados concretos

Um estudo publicado em Dezembro de 2010 na revista científica International Journal of Environmental Research and Public Health afirma que os casos de mortalidade infantil, cancro, leucemia e malformações congénitas entre as crianças iraquianas são significativamente maiores do que os reportados após a destruição de Hiroshima e Nagasaki com duas bombas atómicas pelos EUA.

Outro relato científico patrocinado pela Organização Mundial de Saúde, no qual participou Samira Alaami, também médica-chefe no hospital de Fallujah, encontrou elevadas quantidades de urânio e mercúrio nos cabelos dos doentes, facto que, para os investigadores, evidencia uma relação causal com a exposição a armas de destruição massiva usadas pelos norte-americanos no Iraque.

Recorde-se que o cerco e assalto a Fallujah iniciou-se em Abril de 2004 após um levantamento armado da população local contra a invasão e ocupação do Iraque, e prolongou-se até ao final desse mesmo ano.
 
 
A campanha contra a cidade de 350 mil habitantes, situada a 65 quilómetros da capital, Bagdad, é considerada pelo Departamento de Defesa dos EUA a maior batalha urbana desde a congénere realizada pelas forças armadas norte-americanas em Hue, no Vietname, em 1968.

Washington admite o uso de fósforo branco, mas defende que foi apenas para iluminar os alvos durante os bombardeamentos nocturnos, embora um grupo de jornalistas italianos tenha mostrado evidências do contrário.
 
 

Cenário calamitoso

 
 
Image 10262Tal como em Fallujah, também Bassorá é um postal dos horrores resultantes da invasão e ocupação imperialista do Iraque. Um estudo elaborado pela Universidade de Bagdad indica que os casos de malformações congénitas decuplicaram na cidade desde o derrube do regime de Saddam Hussein.
 
 
A tendência é para continuarem a crescer, alertam, sublinhando, ainda, que apesar de Bassorá ter um novo hospital (inaugurado em 2010 com pompa e circunstância pela esposa do ex-presidente George W. Bush, Laura Bush), a capacidade instalada para responder a estes casos não é melhor do que em Fallujah ou em Bagdad.

Na capital, Bagdad, a lista de espera para receber tratamento é interminável e absolutamente inacessível do ponto de vista económico à esmagadora maioria da população, denuncia, por seu lado, o director da Organização de Combate ao Cancro Infantil do Iraque, Laith Shakr al-Sailhi.

No Irão, na Síria e na Jordânia os tratamentos custam 5, 7 e 12 mil dólares, respectivamente, e são as únicas opções existentes para quem vive no Iraque e não se resigna a deixar morrer um filho vítima de cancro, conclui.



Texto original no Jornal Avante



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